2019-07-12
O protagonismo da temática de boas práticas agropecuárias e bem-estar animal resulta de uma demanda cada vez maior por parte de consumidores nesse sentido. O assunto também é fundamental em negociações internacionais. Essa relevância foi destaque na cerimônia de abertura do seminário que reuniu especialistas brasileiros e europeu e apresentou os resultados de projeto de cooperação entre UE e Brasil sobre o tema, no dia 28 de junho, na sede do MAPA em Brasília.
“As pessoas olham o rótulo dos produtos nos supermercados para saber se têm selo de boas práticas agropecuárias e produção sustentável. O Brasil não exporta frutas se o produto não seguir boas práticas, por exemplo. Além disso, as boas práticas também têm impactos positivos em questões sanitárias e contribuem para evitar crises”, declarou Orlando Melo de Castro, diretor do Departamento de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas do MAPA.
Da mesma forma, Lucy França Frota, coordenadora da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do MAPA, exaltou a parceria UE-Brasil para avançar no tema. “Além do projeto, que permite intercâmbio de conhecimento, pesquisa e capacitações, tem a questão de levar o conhecimento até a ponta, ou seja, até o produtor no campo.
“Os agentes do Sistema S e da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) são fundamentais para que esse conhecimento seja apropriado institucionalmente, tecnicamente, e pelo produtor, para que seja absorvido e utilizado no campo, transformando tudo isso numa política pública ao longo do tempo”, explicou ela, ressaltando a importância do assunto nas negociações internacionais: “ Brasil tem se mostrado na vanguarda nessa área”.
A representante Iniciativa de Apoio aos Diálogos Setoriais UE-Brasil Noelia Barriuso também destacou a importância do tema e o sucesso da parceria com o MAPA. “Esse projeto sobre boas práticas e bem-estar animal é de interesse tanto do Brasil como da UE, por isso essa cooperação, que tem sido profícua ao longo dos tempos, deve continuar”, afirmou.
As atividades do projeto tiveram como foco ações relacionadas a cadeias produtivas estratégicas e que apresentam grandes desafios em relação à adequação dos sistemas produtivos, tanto na produção como no abate, e a adoção de modelos de produção de alimentos alinhados com as demandas de sustentabilidade, do mercado e de conhecimento científico.
Na primeira parte do seminário, foram apresentadas bases científicas para migrar para sistemas alternativos de alojamento de aves e postura; legislação europeia para o bem-estar de aves de postura; sistemas de alojamento existentes no Brasil e na Europa; rastreabilidade e identificação na rotulagem; indicadores e recomendações para o bem-estar animal.
A parte da tarde do evento foi reservada para o diagnóstico sobre o uso de medicamentos em bovinos leiteiros e as recomendações técnicas para o uso responsável de medicamentos. Liziè Pereira Buss e Suzana Breslau, da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA, relataram a missão técnica que fizeram à Espanha e Dinamarca, com o objetivo de trocar de experiências e informações na área de antimicrobianos, além de reuniões com órgãos oficiais, setor privado e visitas a granja de suínos e aves de corte, para identificar estratégias de adoção das boas práticas.
Segundo Suzana, não há como dissociar a questão do controle para prevenção da resistência a antimicrobianos da implementação de boas práticas agropecuárias. Ela contou que a Europa tem um largo histórico na prevenção e controle da resistência. “Foi interessante conhecer dois países em estágios diferentes. A Espanha com histórico mais recente de enfrentamento do problema. Já a Dinamarca trabalhando há mais de 20 anos no tema. Foram realidades diferentes”, disse.
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